“É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro”
(Tanto amar – Chico Buarque)
Como você se sente quando o outro te olha?
Já deixou de ser ou de fazer algo por medo do que as pessoas poderiam pensar ou para evitar que elas conhecessem partes de você que parecem não se enquadrar nos padrões?
Se sua resposta é sim e você está evitando se expor, preciso dizer que está evitando viver, pois não é possível uma vida sem correr esse risco. Quando o julgamento, a fala, o olhar e o apontamento de outras pessoas têm o maior peso e movem suas ações, você está se comportando a partir do que os outros desejam.
Aí eu te pergunto, o quanto tem da sua verdade em sua vida?
Este texto não se trata de dicas para se tornar autossuficiente, ter amor próprio e aprender a seguir sozinho(a), pois questiono se isso é realmente possível, já que você, eu e todos nós, precisamos uns dos outros.
Resolvi escrevê-lo justamente para que possa refletir sobre sua posição nas vivências em grupo, em seus encontros, suas conexões e relações.
Você precisa de mim e eu preciso de você
Desde o início da vida, é o olhar de outra pessoa que te faz perceber que você é alguém, e durante a vida toda será preciso esse olhar, inclusive para que possa se descobrir e se diferenciar.
Somente no encontro com o outro haverá a possibilidade de perceber o que te incomoda, o que tem a ver com suas questões, o que é e o que não é seu. São as experiências das relações que te levam ao conhecimento de si. Já ouviu essa expressão: “se algo naquela pessoa te incomoda, isso pode ter mais a ver com você do que com aquela pessoa”?
É claro que você pode ter muitas realizações, descobertas e insights sozinha(o), mas por mais que se explore de forma individual, há partes suas que somente o outro consegue enxergar.
Um encontro verdadeiro
Por “encontro” me refiro às conexões que te desenvolvem, que te colocam em verdade, que dão medo também e que fazem descobrir as suas capacidades. Àquele em que você vai sem máscaras.
O que não é fácil e requer disposição. É trabalhoso sim, mas é valioso. Para se encontrar de verdade com alguém é necessário estar disposto a se deixar afetar, perceber o que te toca, te modifica, o que te ajuda a definir o que você realmente é e não o que o outro é ou o que o outro acha que você é.
Para isso é necessário o compromisso com a verdade. Com a sua verdade! Aqui não estou falando de “ser honesto e dizer o que pensa”, isso não tem a ver com o que você acha e sim, com o que se revela de ti.
Além do compromisso com a verdade, é preciso responsabilidade, cuidado, apoio e amparo. Dessa forma, construindo relações em que você possa ser você e o outro possa ser ele, com respeito e responsabilidade.
O que fazer?
Como disse, esse é mais um trabalho que exige disposição e coragem e eu não consigo pensar na coragem sem pensar na vulnerabilidade. Essa coragem de ser imperfeita(o), de se arriscar e viver.
Viva esse risco!
Nem sempre vai dar certo, há momentos em que vai se frustrar e vai perder, mas essa é a realidade; a vida tem suas belezas, suas fragilidades e seus percalços, mas não é possível saber sem experimentar.
Dica:
Dê abertura para a vulnerabilidade!
Isso mesmo, deixe a vulnerabilidade caminhar contigo.
O que pode te ajudar para que inicie a experiência desse encontro são os processos grupais, como vivências terapêuticas em grupo e atividades que exigem exposição.
Sobre a vulnerabilidade, continuarei na sessão reflexão do PSICULT. Fique de olho na indicação e vamos conversar mais sobre esse assunto que, particularmente, considero muito precioso.
Um forte abraço,
Psicóloga Lais Lopes